Batem leve, levemente,como quem chama por mim.Será chuva? Será gente?Gente não é, certamente e a chuva não bate assim.É talvez a ventania: mas há
pouco, há poucochinho,nem uma agulha buliana quieta melancolia dos pinheirosdo caminho...Quem bate, assim,levemente,com tão estranha leveza,que mal se ouve, mal se sente?Não é chuva, nem é gente,nem é vento com certeza.Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu,branca e leve, branca e fria...–Há quanto tempo a não via!E que saudades, Deus meu!Olho-a através da vidraça.Pôs tudo da cor do linho.Passa gente e, quando passa,os passosimprime e traça na brancura do caminho...Fico olhando esses sinaisda pobre gente que avança,e noto,por entre os mais,os traços miniaturaisduns pezitos de criança...E descalcinhos,
doridos...a neve deixa inda vê-los,primeiro, bem definidos,depois, em sulcos compridos,porque não podia erguê-los!...Que quem já é pecador sofra tormentos, enfim!Mas as crianças, Senhor,porque lhes dais tanta dor?!...Porque padecem assim?!...E uma infinita tristeza,uma funda turbaçãoentra em mim, fica em mim presa.Cai neve na Natureza e cai no meu coração.
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terça-feira, 3 de março de 2009
BALADA DA NEVE
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1 comentário:
QUEM MUITO DORME POUCO APRENDE
AGORA SE QUISERES MAIS FAZ TU XAU
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